Maresia na Costa

08 janeiro 2008

Pesca à bóia em Sagres

(Clique na foto para ampliar)

Aí está um nome a que nenhum pescador fica indiferente. Ao ouvir este nome associamo-lo de imediato a grandes pescarias de peixe de bom porte.

Vamos tentar deixar aqui algumas notas para que o pescador que aqui chega, mesmo desconhecendo o local possa obter algum sucesso numa jornada de pesca à bóia.

De Novembro a Março o pescador de bóia tem aqui um dos melhores destinos (senão o melhor) para uma jornada de pesca à bóia, uma única regra se impõe: É proibido ter vertigens!

A altura das falésias, a profundidade do mar, o poder do vento, faz com que nos sintamos bem pequeninos, como diria Camões, é aqui que a terra acaba e o mar começa.

O local

A costa de Sagres caracteriza-se por falésias altas e escarpadas e mares profundos. A grande maioria dos pesqueiros é em falésia, os pesqueiros mais próximos da água são poucos e normalmente com descidas bastante arriscadas e de difícil acesso. Embora existam muitos pescadores alpinistas a maioria do pessoal não arrisca e prefere pescar em altura, apesar de altos, são pesqueiros facilmente acessíveis e por isso muito frequentados pois proporcionam boas capturas.

As principais zonas de pesca à bóia são:

-->A Fortaleza de Sagres, falésia a pique de cerca de 45/50 m de altura;

-->A zona dos buracos, em frente às instalações da Marinha, rocha calcária com pesqueiros mais baixos, alguns perto de água mas a maioria entre os 20 e os 40 m de altura;

-->O Cabo de S. Vicente, falésias a pique com a maioria dos pesqueiros a 50/60 m de altura;

-->Por último a zona de Armação Nova, o mais acessível dos pesqueiros, por isso dos mais concorridos, pesca-se perto de água e em falésia baixa, 10 a 15 m de altura.

O material e montagens

Como já perceberam o local não é para brincadeiras, por isso há que ter material a condizer, embora já se vão vendo algumas canas de bóia de 6 m o pessoal da zona costuma usar para a pesca à bóia as canas de Sufcasting telescópicas de 5 m, acção 100-200 grs e carretos a condizer que levem pelo menos 200 m de fio 0,40 mm. Por aqui ninguém pesca directo, usa-se sempre estralho normalmente do comprimento da cana. As bóias habituais são o clássico pião de correr em cortiça ou de espuma calibrado com chumbada furada de 20 a 50 grs conforme o necessário. Por cima da bóia leva uma pequena missanga que não lhe permite ultrapassar o nó de travamento ou batente de silicone.

Genericamente uma montagem que funciona bem na zona é um estralho de 5 m usando apenas um chumbinho de correr de 3 grs (oliva) que fica em cima do anzol e a bóia de correr com chumbada de 30 grs travada 2 ou 3 m acima. Ficamos assim com uma montagem com o anzol a trabalhar 7 ou 8 m abaixo da superfície o que é adequado à maioria dos pesqueiros.

Os iscos

Os iscos de eleição para a pesca à bóia são apenas 3, mas estes são quase obrigatórios: A sardinha para engodar e iscar com o filete do rabo ou lombo, a gamba/camarão da costa fresca ou congelada e o célebre ralo, este último é realmente o tira-teimas com águas mais claras.

Por último um conselho, tragam o cesto (rabeca), senão arriscam-se a prender “aquele” peixe e depois não conseguem efectivar a captura. Uma companhia também é sempre recomendável.