Maresia na Costa

08 janeiro 2008

Pesca à bóia em Sagres

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Aí está um nome a que nenhum pescador fica indiferente. Ao ouvir este nome associamo-lo de imediato a grandes pescarias de peixe de bom porte.

Vamos tentar deixar aqui algumas notas para que o pescador que aqui chega, mesmo desconhecendo o local possa obter algum sucesso numa jornada de pesca à bóia.

De Novembro a Março o pescador de bóia tem aqui um dos melhores destinos (senão o melhor) para uma jornada de pesca à bóia, uma única regra se impõe: É proibido ter vertigens!

A altura das falésias, a profundidade do mar, o poder do vento, faz com que nos sintamos bem pequeninos, como diria Camões, é aqui que a terra acaba e o mar começa.

O local

A costa de Sagres caracteriza-se por falésias altas e escarpadas e mares profundos. A grande maioria dos pesqueiros é em falésia, os pesqueiros mais próximos da água são poucos e normalmente com descidas bastante arriscadas e de difícil acesso. Embora existam muitos pescadores alpinistas a maioria do pessoal não arrisca e prefere pescar em altura, apesar de altos, são pesqueiros facilmente acessíveis e por isso muito frequentados pois proporcionam boas capturas.

As principais zonas de pesca à bóia são:

-->A Fortaleza de Sagres, falésia a pique de cerca de 45/50 m de altura;

-->A zona dos buracos, em frente às instalações da Marinha, rocha calcária com pesqueiros mais baixos, alguns perto de água mas a maioria entre os 20 e os 40 m de altura;

-->O Cabo de S. Vicente, falésias a pique com a maioria dos pesqueiros a 50/60 m de altura;

-->Por último a zona de Armação Nova, o mais acessível dos pesqueiros, por isso dos mais concorridos, pesca-se perto de água e em falésia baixa, 10 a 15 m de altura.

O material e montagens

Como já perceberam o local não é para brincadeiras, por isso há que ter material a condizer, embora já se vão vendo algumas canas de bóia de 6 m o pessoal da zona costuma usar para a pesca à bóia as canas de Sufcasting telescópicas de 5 m, acção 100-200 grs e carretos a condizer que levem pelo menos 200 m de fio 0,40 mm. Por aqui ninguém pesca directo, usa-se sempre estralho normalmente do comprimento da cana. As bóias habituais são o clássico pião de correr em cortiça ou de espuma calibrado com chumbada furada de 20 a 50 grs conforme o necessário. Por cima da bóia leva uma pequena missanga que não lhe permite ultrapassar o nó de travamento ou batente de silicone.

Genericamente uma montagem que funciona bem na zona é um estralho de 5 m usando apenas um chumbinho de correr de 3 grs (oliva) que fica em cima do anzol e a bóia de correr com chumbada de 30 grs travada 2 ou 3 m acima. Ficamos assim com uma montagem com o anzol a trabalhar 7 ou 8 m abaixo da superfície o que é adequado à maioria dos pesqueiros.

Os iscos

Os iscos de eleição para a pesca à bóia são apenas 3, mas estes são quase obrigatórios: A sardinha para engodar e iscar com o filete do rabo ou lombo, a gamba/camarão da costa fresca ou congelada e o célebre ralo, este último é realmente o tira-teimas com águas mais claras.

Por último um conselho, tragam o cesto (rabeca), senão arriscam-se a prender “aquele” peixe e depois não conseguem efectivar a captura. Uma companhia também é sempre recomendável.

04 setembro 2007

As montagens para a pesca à bóia, alguns conselhos…


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O pescador de bóia é um apaixonado pela sua arte, para ele nada é mais excitante do que a constante procura de locais onde possa lançar aqueles artefactos e aguardar pelo momento mágico em que eles afundam desaparecendo nas profundezas.

Dificilmente um praticante de bóia irá enveredar por outra modalidade de pesca a não ser em situações ou pesqueiros muito especiais. O Pescador de bóia tenta sempre especializar-se mais e mais na sua arte.

A pesca à bóia proporciona sensações únicas, a leveza dos materiais e a pouca espessura dos fios utilizados levam a que sempre que haja uma ferragem seja travado um combate leal onde qualquer das partes pode levar a melhor. Por esse facto os níveis de adrenalina atingem patamares muito elevados e as grandes capturas têm um sabor muito especial.

O pescador de bóia recorda com prazer redobrado a captura “daquele” robalo de 4 Kg que foi efectuada com fio 0,20 mm no pesqueiro “xpto”. A lembrança daquela captura, pela dificuldade de que se revestiu, irá perdurar muito mais no nosso subconsciente do que se tivesse sido efectuada usando outras técnicas, corrico ou surfcasting, por ex: onde os materiais utilizados são muito mais “pesados” (grossos) limitando muito mais as hipóteses do peixe sair vencedor.

É consabido que as canas mais habituais na pesca à bóia são as de comprimento de 5 ou 6 m, com acção máxima de 80/100 gramas e os carretos mais comuns serão do tamanho 4000/5000 (falando de modelos Shimano) ou 2500/3000 (falando de modelos Daiwa), logo os pesos dos conjuntos andarão na volta das 800 gramas, permitindo assim uma jornada de pesca bem activa e onde o material não vai deixar marcas nas nossas costas para o dia seguinte.

Mas, vamos lá falar das nossas amigas bóias que é sobre elas que versa este pequeno texto.

As montagens para a pesca à bóia influenciam, e muito, o sucesso ou insucesso de uma jornada de pesca. Existem tantas variedades e pesos de bóias que o pescador principiante fica confundido com a panóplia destes acessórios existentes no mercado.

No intuito de ajudar os mais inexperientes vamos falar das mais usuais. À medida que o pescador for progredindo, ele próprio irá sentindo a necessidade de refinar e melhor adequar os materiais que vai utilizar.

Para já vamos distinguir 2 tipos de bóias, as fixas e as de correr, bem como 2 tipos de pesca à bóia: pesca directa e pesca usando estralho ou estropo.

As bóias que se encontram à venda estão marcadas em função do lastro/chumbo que as mesmas suportam para que trabalhem bem. Os tamanhos mais habituais são de 5, 8, 15, 20 e 25 gramas, existem mais pequenas mas são para pescas muito técnicas e também existem bem maiores especialmente para quem pesca em falésias, por ex: na Costa Vicentina.

O pescador mais experiente prefere quase sempre pescar directo, isto é, pesca-se usando a linha do carreto para que não existam emendas e nós na montagem pois especialmente em linhas finas os nós retiram resistência e elasticidade ao fio, podendo desequilibrar no combate com exemplares de certo porte. Deve-se trabalhar sempre com a embraiagem do carreto um pouco aberta, para que a linha corra se necessário, em caso de súbito arranque do peixe.

O lastro para a bóia pode ser chumbo fendido, muito macio para não trilhar o fio e deverá ser colocado a cerca de 40/50 cm do anzol. Há também quem corte pequenos troços de tubo de silicone, e coloque no fio apertando o chumbo por cima destes para evitar “ferir” o fio. Podem, ainda, usar-se pequenas olivettes de 2/3 gramas (chumbo furado em forma de caroço de azeitona) que corre pelo fio até ficar em cima do anzol. Caso seja necessário lastro suplementar para calibrar a bóia este coloca-se perto desta.

Esta pesca apresenta, também, a vantagem de facilmente podermos alterar a altura a que a bóia está a trabalhar, puxando-a mais para cima ou para baixo já que corre pelo fio se forçarmos um pouco. Deixava ainda uma recomendação muito importante: além de fixarem a bóia na quilha devem, também, fixá-la no topo da antena. Desta forma caso ferrem um exemplar grande e seja necessário utilizar uma rabeca, esta ao descer pela linha não vai encalhar na antena.

A pesca com bóia de correr é usada para pescar em locais onde a profundidade do pesqueiro ultrapassa o comprimento da cana e como sabemos que os nossos amigos peixes comem quase sempre junto ao fundo surge a necessidade de usar este tipo de montagem. Desta forma, se fixássemos a bóia à altura adequada ficaríamos com uma montagem muito maior que a cana e andávamos sempre atrapalhados com a distância da bóia ao anzol e caso ferrássemos um peixe teríamos grande dificuldade em efectivar a sua captura.

Apesar de também se poder pescar directo usando bóia de correr, pode travar-se esta entre dois batentes de silicone, por ex: o mais habitual é o uso de estralho. O recurso ao estralho permite que se use um fio mais forte no carreto, o que ajuda em pesqueiros de alguma altura onde o roçar do fio pela rocha é uma constante.

Uma bóia de correr pode ser calibrada com chumbo fendido ou furado, é quase indiferente optar por um ou por outro, e pode ser travada com 1 ou 2 travões de silicone ou por uma pequena pérola furada que irá embater num nó de travamento.

Onde costuma haver divergência de opiniões é no comprimento do estralho optando, uns por 1 estralho de apenas cerca de ½ m, a parte que se acrescenta após a fixação dos chumbos e outros que preferem estralhos com o comprimento da cana. Pessoalmente gostamos mais da última opção, pois um estralho mais comprido torna a montagem mais elástica e logo menos sujeita a roturas.

Acerca do nó de travamento importa também referir que muitos pescadores para fazerem o dito nó usam bocados de fio que se encontra no pesqueiro, optando muitas vezes por um bocado de fio grosso para facilmente fazer o “enchumaço”, isto é completamente errado! O fio para fazer o nó dever ser sempre de diâmetro mais fino do que o fio onde vai ser aplicado, só assim o teremos um nó apertado e durável. Usando um fio grosso o nó afrouxa e desfaz-se facilmente.

Os locais de pesca habituais também influenciam a montagem a utilizar, quem pesca perto da água por norma utiliza montagens e material mais discreto. Já os pescadores de falésia têm necessidade de utilizar material mais pesado, quer para que seja mais visível, devido à distância da água a que pescam, quer pela necessidade de ultrapassarem obstáculos, rochas, caneiros, etc.

As condições climatéricas também são de extrema importância, e elas ditam muitas vezes a opção por material ligeiro ou mais pesado. Como é bom de ver, se estiver vento e mar forte teremos de optar por material mais pesado.

Aprender a “perceber” qual a bóia adequada à pesca em face das condições climatéricas que existem no dia “x”, é subir mais um degrau na escada da excelência desta “especialidade”.

Acima de tudo interessa é ir à pesca, pois é lá, aprendendo a superar os obstáculos que nos aparecem que vamos progredir como pescadores. Além de que: em casa ninguém apanha peixe! Por isso, toca a por os anzóis de molho!!

31 maio 2007

Concelho de Aljezur

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Apetece dizer..., o paraíso da pesca existe!

Apesar de toda a pressão que é exercida pela pesca profissional e pela pesca semi-profissional na costa do Concelho de Aljezur ainda é possível aos amantes da pesca desportiva desfrutarem das emoções ímpares que resultam de uma jornada de pesca bem sucedida. Aqui é possível usufruir do prazer da luta com grandes sargos, douradas, robalos, pargos e com o belíssimo sargo veado.

Ainda há pouco tempo atrás, no dia do regresso ao trabalho um colega que também pesca dizia-nos com aquele olhar cúmplice...

– Ontem ferrei um “burro”..., percebemos logo o que queria dizer, tinha ferrado um dos “tais”, provavelmente um pargo com uma boa meia dúzia de quilos.

Infelizmente, nós que pescamos sabemos que é mesmo assim, o “grande” é o que fica lá... pois a nossa pesca é especializada, se estamos a pescar ao sargo com um fio 0,20 ou 0,25 mm e nos calha um dos tais “monstros” bem podemos dizer-lhe adeus, no entanto aqueles breves segundos/minutos em que ele esteve preso serão recordados por muitas horas.

Vamos então tentar contribuir para que desfrutem de algum do conhecimento que temos daquela zona de eleição para a pesca desportiva que é a costa do Concelho de Aljezur.

São cerca de 42 Km de costa, ou como nós gostamos de dizer, de 42 km de puro prazer. É nesta zona de acessos difíceis, águas frias, areias limpas, rochedos agrestes, falésias altas e escarpadas e mares batidos que podemos desfrutar do maior prazer do mundo, pescar!

Os amantes do Surfcasting e a malta do buldo e spinning têm aqui belíssimas praias para a prática daquelas modalidades, destacaria de Norte para Sul: a praia de Odeceixe, Samouqueira, Vale dos Homens, Carriagem, Amoreira, Montes Clérigos, Arrifana, Canal, Vale Figueiras, Bordeira (mais conhecida por Carrapateira) e a belíssima Praia do Amado.

As zonas entre estas praias estão polvilhadas de nomes “mágicos” a que correspondem outros tantos pesqueiros, vamos destacar alguns e indicar as modalidades que lá mais se praticam:

De Sul para Norte: entre a Praia do Amado e a Praia da Bordeira situa-se a zona de pesca mais conhecida, a celebérrima Carrapateira que tantas alegrias proporcionou aos pescadores e tantas vidas roubou àqueles mais afoitos ou incautos que arriscaram em demasia. O ex-libris da zona é o famoso Mazagão embora não faltem outros nomes mágicos como o Poção da Mourisca, Racha, Pontal, Hospital Velho, Cantinho da Perceveira, Inferno, Pias, Fidalgo e Calhau.

Esta é uma zona de falésias calcárias com cerca de 30 a 40 m de altura e descidas sinuosas e complicadas, muitas delas só acessíveis por cordas. A modalidade mais praticada é a pesca com bóia de correr, pois o mar é muito profundo chegando a pescar-se com a bóia travada a cerca de 20 m do anzol. A espécie mais capturada é o sargo, as grandes liças e alguns bons robalos no Outono e Inverno. Na Primavera e Verão pratica-se mais a pesca ao fundo direccionada às grandes douradas que volta e meia visitam aquelas paragens. Nessa altura também é frequente vermos os corricadores calcorreando as praias e percorrendo as falésias para tentarem descobrir algum cardume de robalos perto de zonas onde seja possível lançarem as suas amostras.

Entre a Praia da Bordeira e a Praia da Arrifana está uma das zonas mais inacessível mas bastante frutuosa. Quem conseguir ultrapassar aqueles acessos, recorrendo a motos e veículos de tracção total e estiver disposto a um pouco de alpinismo e uma bela caminhada desfruta da natureza selvagem no seu estado mais puro. É uma zona em que a pressão da pesca quase não existe e por isso extremamente frutuosa mas como se disse antes, não é fácil lá chegar.

Entre a Praia da Arrifana e a Praia da Amoreira voltamos a ter pesqueiros de mais fácil acesso, pelo menos para as viaturas, pelo que esta volta a ser uma zona bastante concorrida pela generalidade dos amantes da pesca. Por ser uma zona relativamente acessível e muito rica em marisco, principalmente em perceves, é aqui frequente encontrar todo o tipo de “viciados” nas diversas vertentes da pesca.

Pelo facto de na Arrifana se encontrar localizado um dos poucos locais acessíveis à colocação de embarcações na água, além de ser um local privilegiado para o pessoal da caça submarina e mariscadores nos semi-rígidos é também o local de excelência para as saídas para a pesca embarcada.

Desta zona pela facilidade dos acessos e pelos resultados fáceis de alcançar destacaríamos os pesqueiros “Ponta Alta”, preferido pelo pessoal do fundo e frutuoso em douradas e sargos e o conhecido “Treme-treme” onde a modalidade de eleição volta a ser a pesca ao fundo para as douradas e a chumbadinha e bóia para os sargos.

A Norte da Praia da Amoreira e até Odeceixe o recorte da costa e as facilidades de acesso ao mar voltam a mudar de tom, esta é uma zona onde volta a ser necessário o recurso a viaturas de tracção total para aceder a locais de eleição. Aqui os locais com as velhinhas motos “Zundap” e “Sach” dão baile ao pescador com o jipe de 200 cv e quando voltam carregados de peixe mentem com os dentes todos quando dizem onde o apanharam. Aqui eles são de facto os reis, o fio que usam é o Perlon da Bayer, os carretos guincham por todos os lados, as canas estão todas riscadas e com falta de passadores, o conjunto cana+carreto pesa quase 2 quilos e riem-se quando dizemos que aquilo é pesado… depois mostram o peixe que apanharam e… riem, pois claro…

Desta zona destacaríamos a Praia da Carriagem, muito justamente apelidada de “Rainha dos Sargos” e a zona do Rogil que tem de facto bons pesqueiros mas onde é necessário estar atento ao vento e ondulação prevista, pois são caminhadas muito longas e se não nos precavermos com o “conhecimento” possível, arriscamos o inevitável “baile”.

As modalidades de pesca reinantes, são a pesca ao fundo, chumbadinha e “ao sentir” como os locais gostam de dizer.

Aqui usa-se muito a pesca “ao rebolão” que consiste num género de chumbadinha, isto é, usa-se chumbada furada de correr de 30 a 60 gramas mas esta é em forma de amêndoa para deslizar facilmente pelos caneiros e lagedos xistentos, pode usar-se destorcedor e o estralho tem pouco mais de 1 palmo, normalmente de 0,35 mm.

As iscas reinantes são a inevitável sardinha, a gamba e o “nosso” ralo, no entanto os locais voltam a dar-nos “baile” com a ova de ouriço, ova de lapa, perceves, raio de polvo e a minhoca rabeadora que se esconde por debaixo das pinhotas de mexilhão pequeno.

Destacamos ainda o trabalho impar que tem vindo a ser feito pela autarquia no seu esforço por possibilitar o acesso de viaturas comuns à maioria das praias do concelho. De notar também a colocação de recipientes para recolha de lixo em todas elas, achamos que é mesmo em todas, bem hajam por isso.

Enfim…, tentamos dar aqui um modesto contributo, desfrutem porque a zona vale a visita!

02 fevereiro 2007

Pescador com "P" grande

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Mestre António Lemos é um Pescador com "P" grande que aluga embarcações para a prática de pesca desportiva, operando a partir de Cascais, podem ver algo sobre ele aqui.

Para além de um grande pescador tem-se revelado um excelente contador de histórias deliciando-nos com pequenas grandes pérolas de prosa que publica no seu Blog Mar Revolto.

O texto que se segue é uma dessas pequenas grandes pérolas...

"Na companhia do mar"

O dia ainda mal desponta, são 7.30h é Novembro, estou sozinho, hoje ninguém me acompanha. Saio a marina de Cascais, contorno a bóia do tubarão, (assim apelidada por ser parecida com a bóia utilizada no filme do Tubarão) a partir dai a muralha fica pelo estibordo do “Náutica”, por bombordo avisto algumas embarcações da pesca artesanal que levantam os covos, acelero e rapidamente ganho velocidade, no entanto a ondulação com cerca de 3m não me deixa passar dos 12 nós. Navego perto da costa, o farol de Santa Marta já vai ficando para trás, vislumbro alguns pescadores pendurados na falésia, tentam a sua sorte pois os sargos com a agitação marítima por vezes encostam e é altura de os tentar capturar.

Algumas gaivotas que se encontram pousadas na água levantam-se com indolência à minha passagem, voam junto de mim como que protestando por terem sido importunadas, aproximo-me da Boca do Inferno, é um local turístico, mas é também o pesqueiro mais utilizado de Cascais. Começo a trautear uma canção do Zeca, “Somos Filhos da Madrugada”, passo o Farol da Guia imponente lá no alto do seu pequeno promontório, é o segundo farol que mais gosto de ver quando regresso ao porto de Cascais, é o sinal de que a segurança já está perto. Aproximo-me do Cabo Raso, a agitação marítima piora um pouco, não é por acaso que os pescadores mais antigos de Cascais chamam à passagem junto ao Cabo Raso a “rua das amarguras”, aqui está o farol que mais gosto de ver quando regresso do mar – o Farol do Cabo Raso.

Abrando a navegação e aos poucos deixo o Raso para trás, vou em busca de um troféu, tenho fé numas beiradas que ficam a cerca de 8 milhas do Raso, ao longe avisto o Cabo da Roca com o seu imponente farol guardião do fim da Europa Continental, tal como escreveu Camões “Onde a terra acaba e o mar começa”.

A minha navegação baixou para os 10 nós, sou visitado pelos golfinhos que me acompanham durante algum tempo, são muitos, é digno de se ver, parecem uma escolta ladeando o barco e nadam mesmo junto ao costado da embarcação, sinto-me tentado a tocar-lhes mas isso implicava deixar os comandos da embarcação, e realmente a ondulação que se faz sentir não aconselha, desisto, fica para outra vez, ás vezes penso que eles já me conhecem, tantos são os dias que nos encontramos nos mesmos locais, são sem duvida os senhores deste pedaço de mar e eu gosto da sua companhia.

Já estou perto, mais 1 milha e é altura de abrandar a navegação e preparar as amostras, decidi tentar a sorte com as zagaias, quero bater os meus recordes, “quero” um pargo com mais de 8 kg, a ver vamos.

Cheguei, montei duas canas, trabalho com uma e tenho outra pronta para o que der e vier, começo a sondar o local, a ondulação e a corrente não ajudam muito, assim a deriva é mais difícil de controlar, tenho o rádio posicionado no canal 11, aguardo informações da meteorologia e do estado do mar, é sempre bom nesta altura saber com o que conto. Decido desligar o motor por momentos e “escutar” o silêncio do mar, é uma sensação maravilhosa, o vento que sopra de sudoeste é muito fraco, escuto apenas o roçar do mar no casco do “Náutica”, de repente ouço como que um sopro e reparo que 2 gansos patolas voam baixo e passam mesmo junto do barco. Durante algum tempo contemplo o horizonte, o céu coberto de nuvens cinzento claras, penso no enorme prazer que me dá estar ali no meio do mar, livre de tudo só com os meus pensamentos, debruço-me na amura do barco e com a mão em concha apanho um pouco de água, sinto a sua frescura, penso quanta vida está contida naquela pequena porção de água e quanta vida está contida na vastidão dos oceanos, sinto que faço parte dessa vida pois estou ali, naquele momento sinto que pertenço ali, pertenço ao mar.

Repentinamente reparo que não muito longe um bando de aves mergulha freneticamente no mar, são Patolas que aproveitam o enorme cardume de sardinha que foi empurrado para a superfície por predadores e agora se banqueteiam. Dirijo-me para lá, sei por experiência própria que, por vezes, os peixes que se estão a alimentar desses cardumes são de boa qualidade e de bom peso. Rodeio toda aquela azáfama predadora e torno-me também predador, começo a zagaiar, ferro de imediato um peixe a poucos metros da superfície, dá luta mas não é o que pretendo, não é um troféu, embarco uma cavala que deve pesar quase 2 kg, volto a colocar a zagaia na água e de novo fisgo outro peixe, desta vez já sinto a adrenalina a soltar-se, o bicho é grande e luta bem, leva muita linha do carreto e a custo consigo travá-lo, deduzo que seja um atum “Bonito” (“Gaiado”), ao fim de uns longos 10 minutos consigo traze-lo para junto do barco e com a ajuda do chalavar embarco o peixe, é efectivamente um atum, calculo que tenha perto de 5 kg.

Volto a colocar a zagaia na água, não sem antes fazer algumas correcções de posição, acompanhando o frenesim das aves e dos peixes, e desta vez a zagaia desce mais fundo, perto dos 50m ferro um peixe, este é bom, luta como eu gosto, mergulha, corre, dá cabeçadas, umas vezes quase não consigo recuperar linha outras parece que fica leve como uma pena, é um pargo quase tenho a certeza e dos bons, ao fim de algum tempo chega finalmente junto do barco, está cansado e eu também, mais nervoso que cansado, mais uma vez com a ajuda do imprescindível chalavar lá embarco o peixe.

Entretanto, no decorrer do combate com este belo pargo o cardume afundou, a azafama parou, os peixes deixaram de mergulhar, o rádio quebra o silêncio e a rádio naval começa a transmitir a informação que aguardo, as noticias não são boas, está previsto o aumento do vento e consequentemente um agravamento do estado do mar para a tarde, a partir das 13 horas, são 10 horas da manhã, tenho menos de 3 horas para pescar se quiser regressar em segurança. Pensativo contemplo os montes da Serra de Sintra ao longe, a distância é grande, o farol do Raso não se vê, decido pescar mais duas horas e regressar por volta do meio-dia.

Dirijo-me então para uma beirada das minhas, vou devagar, há que sondar o fundo, e aí está o sinal de peixe grande, controlei o barco e zagaiei em cima, mas nada. Chego à zona pretendida e a sonda marca peixe no fundo, a zagaia desce e sobe uma, duas, três, quatro vezes e nada, estou a pescar a uma profundidade de 65m, corrijo a posição, controlo a deriva e desta vez a sonda acusa peixe grande, lá vai a zagaia, ainda não tinha chegado ao fundo e ferra um peixe, de inicio a linha ficou frouxa mas segundos depois a bobine do carreto não parava, a custo comecei a trazer o peixe, era dos bons, já tinha passado alguns minutos e peixe nem vê-lo, ora subia ora descia, já tinha recuperado muita linha e começava a considerar a hipótese de conseguir embarcar este peixe, mas quando menos espero algo correu mal, o peixe arrancou de novo, começou a levar linha e de repente não estava lá, a linha ficou frouxa e tudo terminou, o peixe foi-se e a zagaia também.

Para me recompor desta derrota desliguei o motor e fui reconfortar o estômago. As horas passavam, o vento começava a aumentar, já se notavam as alterações no mar, com alguma tristeza decidi regressar para mais perto do Raso, pois por vezes as corvinas andam por lá e como já tinha jantar, não perdia tudo. Acabei de comer e pus-me a caminho, em boa hora o fiz, ao chegar ao Raso o vento tinha aumentado sendo agora do quadrante sul e com rajadas que deviam ultrapassar os 20 nós. A tentativa de capturar uma corvina falhou devido à forte agitação marítima que já se fazia sentir no Cabo Raso. A jornada de pesca terminara, havia que regressar à marina, com vento de sul a navegação para Cascais não é fácil, devagar, não ultrapassando os 6 nós, dirigi-me para mais perto do cabo guiado pelo GPS, o Raso ficou pela alheta de bombordo, fiquei mais descansado quando me encontrei frente ao Farol da Guia, devagar e quase uma hora depois de ter chegado ao Cabo Raso contornei a bóia do Tubarão e entrei na Marina.

O dia terminou mais cedo, os meus peixes não são grandes troféus mas sinto-me satisfeito, estive no mar, estive onde gosto, onde me sinto bem, onde materializo as minhas aventuras. A incessante busca do grande troféu não vai parar, sem mar não sei viver, faz parte de mim, do meu ser, costumo dizer que de tanto respirar o mar já me corre água salgada nas veias. Amanhã se o mar quiser lá estarei de novo.

António Lemos

11 janeiro 2007

Adeus...

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É sempre uma pena encontrar na areia uma das mais belas criaturas que povoam os nossos mares.

Causa uma sensação de perca, como se de um amigo se tratasse...

Adeus
de Miguel Torga

É um adeus...
Não vale a pena sofismar a hora!
É tarde nos meus olhos e nos teus...
Agora,
O remédio é partir discretamente,
Sem palavras,
Sem lágrimas,
Sem gestos.
De que servem lamentos e protestos
Contra o destino?
Cego assassino
A que nenhum poder
Limita a crueldade,
Só o pode vencer a humanidade
Da nossa lucidez desencantada.
Antes da iniquidade
Consumada,
Um poema de líquido pudor,
Um sorriso de amor,
E mais nada.

24 novembro 2006

O carangueijo pilado, história e iscagem


O meu amigo António Simões da EFSA Portugal, não pára, é uma autentica enciclopédia de estudos e de vivências que adora partilhar com os amantes da pesca, aqui vai um dos seus textos cheios de saber:

Considero este caranguejo, também chamado por patela, escasso ou mexoalho, o melhor isco de todos e porquê?

Desde tempos imemoriais, princípios do Século XIV, que a apanha deste caranguejo ao longo da costa Portuguesa entre a Nazaré e a foz do Rio Minho, mobilizou e alimentou populações na sua apanha e venda para fertilizantes orgânicos da terra. Comunidades piscatórias actuais foram fundadas, como a Apúlia, pela apanha de pilado, porque em dias de nortada rija, os pescadores da Afurada e Espinho, abeiravam a terra e aí permaneciam em palhotas até que o mar e vento acalmassem.

A campanha começava no inicio do Verão e terminava no Outono.

O mar tingia-se dum amarelo acastanhado, as barcaças leiloavam na areia este frescum e pão do mar aos agricultores da região.

Com a entrada do meio do Século XX, do Nitrato do Chile, o primeiro adubo, industrializado, esta arte entrou em decadência até aos nossos dias.

Vitimas do excesso da apanha talvez, as nuvens de pilado hoje em dia são dispersas, o robalo e sargos perseguem-nos, estão aos milhares por vezes fixos nas laminarias (n/alga castanha) agarrados aos fundos e são um petisco, um manjar inesgotável, para o peixe. Está-lhes nos genes, o seu odor ao peixe é inconfundível, é uma das bases da sua alimentação.

O pilado, suas características: É um caranguejo que tem a capacidade de "voar" na água, devido ao último par de patas ter uma forma achatada, plana e arredondada no final.

Os robalos engordam no Verão com tamanha abundância de comida disponível suspensa na água ali mesmo à feição de abocanhar.

A sua vinda à costa no Verão tem dois motivos, o seu acasalamento, numa média de 60 % de machos e 40 % de fêmeas, é o alimento sustentado nos cardumes de sardinha aprisionadas nas redes de cerco, e de suspensão.

Aparece todo o ano, mas em quantidade e melhor qualidade para iscar é agora nos meses de Setembro, Outubro e Novembro, e porquê?

Como iscar e escolher o pilado: É o melhor isco de todos mas… por ser difícil a sua conservação fresco e vivo, só quem vive à beira-mar ou se dirija a casas especializadas na venda do mesmo é que consegue arranjar.

Morto o caranguejo, o seu recheio depressa fica negro, putrefacto, não serve para nada.

Escolher o pilado para Casting, ao tento, à chumbeirinha, à bóia ligeira: para fazer a chucha do pilado ou iscar o seu recheio directo só se escolhem as fêmeas. Estão ovadas cheinhas de ova amarela no seu casco, os machos não têm nada, só cartilagem e água.

Como fazer a sua iscada: Apanhando as fêmeas vivas, cortar-lhes logo as pinças, são terrivelmente dolorosas e sangrentas e dada a sua agilidade, não é difícil apanhar-nos distraídos...

Com uma tesoura de cortar peixe, apara-se o rebordo da carapaça. Seguidamente, com uma faca fina e muito afiada, levanta-se a mesma e rapa-se todo o seu recheio.

Para iscar lanços mais afastados devem fazer a tradicional chucha com meia de senhora, iscar com um anzol fino na borda da dobra onde cortaram a meia tendo o cuidado de não perfurarem a dita cuja com o bico do anzol.

Para lanços mais de perto, suaves, devem iscar directamente, pondo um bom bocado por cima do anzol e com linha elástica muito fina apertar um nadinha. Se andar peixe, é tiro e queda, a própria lavagem e o odor libertado pela ova, o peixe come em milésimas de segundo. Neste sistema directo mais de dois minutos na água é tempo a mais, o mar já lavou o miolo. Com a chucha, se não romper a meia no lanço, o miolo leva mais tempo a lavar, podem ficar uns minutos com a iscada dentro de água.

Neste sistema podem ir engodando com as carapaças o pesqueiro, e se levarem em excesso, podem-no triturar para engodagem.

Para pescarem à bóia com pilado vivo ao robalo, é indiferente se são fêmeas ou machos, apenas importa que se mexam no anzol, (devem mantê-los vivos no oxigenador). O anzol deve ser do tipo Aberdeenn, fino, para não matar o caranguejo e deve deixá-lo mover-se facilmente. Deve ser iscado pela carapaça de lado na ponta junto ao terceiro, quarto par de patas.

Caso pensem em fazer chuchas do mesmo para as guardarem no congelador para outros dias de pesca, não sou muito adepto disso, a chucha fica negra. Sou adepto do fresco apanhado, comprado na hora, guardado no frigorífico, com um pano húmido de água salgada, por cima e pescar durante a noite do mesmo dia.

Boas pescarias!

20 novembro 2006

Pescadores de robalos

(Clique na foto para ampliar)

Adorei o post do meu amigo FC, daí o plágio...

Segundo poema do pescador

Pescando robalos no meio do canal
a lua de quarto deslocando-se lentamente
as areias cintilantes e as estrelas
cadentes que brilham de seu próprio apagamento
respiro o iodo o sal o vento
o cheiro a salsugem e penso que tudo não é senão o que já não é
e que o momento em que isto digo
é já outro momento

Por isso quando vou à pesca eu não vou só à pesca
procuro o peixe e o sentido ou talvez a ausência dele
toda a minha atenção se fixa e se concentra
há um robalo que não há e que só eu pressinto
não é ciência nem técnica é algo mais
de pé no meio do canal
lançando e recolhendo a linha
como quem escreve sobre as águas
a mesma pergunta interminavelmente
enquanto caem estrelas e as palavras
como elas fulguram em seu arder.

Manuel Alegre, in Senhora das Tempestades

14 outubro 2006

Engodar ao belisco

(Clique na foto para ampliar)


Para que uma jornada de pesca resulte nalgum sucesso devemos precaver-nos com algum conhecimento, como está o mar, as horas das marés, o vento, se vai ou não chover, etc., etc.

É da análise destas variáveis e de algum conhecimento de onde tem saído peixe e as iscas, se são as habituais ou se os nossos amigos andam com apetites esquisitos que vai resultar a nossa escolha do pesqueiro.

Para quem se inicia numa jornada de bóia um pesqueiro de laredos dos que normalmente ladeiam as nossas praias será o ideal. Será bom começar a pescar com a maré ainda vazia e ir pescando até à preia-mar. Uma ondulação de 1,5/2 m será a adequada e devemos procurar as zonas de água esbranquiçada e bem oxigenada para lá colocar as nossas bóias.

Os iscos mais comuns são a sardinha, o camarão, gamba, mexilhão, caranguejo, teagem e o famoso ralo para a Costa Vicentina.

A sardinha para além de um excelente isco é também essencial como engodo. Para esta pesca de laredos então é quase indispensável. A técnica mais eficaz para uma engodagem nos laredos é a do “belisco”, esta técnica tem vindo a ser abandonada pelos pescadores actuais que não querem sujar as mãos mas é das que mais resultados produz.

Basicamente consiste em escamar a sardinha e retirar-lhe a cabeça e a espinha central ficando apenas com os filetes de carne já limpos, estes desfazem-se na mão em pequenos pedaços tipo “bago de milho” fazendo-se pequenas bolinhas que se atiram para pedras onde as ondas vão “lamber”, não se engoda para a água. É muito importante que todo o acto de manusear a sardinha seja feito apenas com as mãos e/ou eventualmente com o recurso a uma pedra. Devem ser evitados os objectos cortantes e a sardinha deve ser gorda.

Não tenham medo de sujar as mãos, até porque a água não falta, engodar desta forma é terrivelmente mais eficaz do que as modernices de baldes e migadores em metal.

A cadência da engodagem também é muito importante, esta deve ser o mais constante possível, não tenham receio de deixar de pescar para passar a engodar, até é bom pois descansa o pesqueiro e deixa os peixinhos mais “à vontade”.

Quando ferrar um peixe retire-o rapidamente da água para não assustar os outros, se for um peixe grande que teve que trabalhar mais tempo, depois de retirado da água engode e espere uns 10 minutos antes de voltar a pescar ali. Se possível vá para um pesqueiro perto e volte lá mais tarde.

Tudo isto são pequenos truques que nos vão ajudar a melhorar como pescadores.

Vão à pesca!

13 agosto 2006

Modernices...

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Definitivamente a nova moda na pesca é o Spinning, é só vantagens:

  • Não é preciso encomendar/apanhar isco;
  • Não são necessários quaisquer acessórios além da cana, carreto, fio e os artificiais;
  • É extremamente elegante e técnica, se o peixe não pegar, podemos sempre dizer que é porque não andam lá;
  • Ou, deixei em casa o raio da amostra xpto...;
  • Se pegarem, fazemos de facto um brilharete, a pequena cana e carreto utilizados elevam os níveis de adrenalina para patamares MUITO elevados.
Até porque, de facto, os grandes robalos, sabe-se lá porque manifesta estupidez, preferem atirar-se a estes artificiais policromáticos com 2 ou 3 anzóis triplos a abanar do que a um bom naco de sardinha que esconde um anzol 3/0...

Se não podes vencê-los, junta-te a eles!!

17 junho 2006

Praia do Tonel

(Clique na imagem para ampliar)

Foi ali junto à entrada da Fortaleza que no espaço de 1 hora enchi o ceirão de peixe, os sargos tinham acabado de encostar e estavam famintos, comiam tudo... OBRIGADO SR. DAMIÃO, dono do café "A Sagres" por me ter dado a notícia..., o filho, o João Pedro estava lá em baixo no Laredo e encheu 3 ceirões que eu ajudei a puxar..., o João da Luz na pedra ao lado encheu 4 ceirões, cerca de 100 kgs de peixe para 1 só pescador, é obra!

Esta praia é o ex-libris para corrico, spinning e chumbadinha de barco e para caça e mergulho subaquático é quase o paraíso.

Defendida dos ventos de Sul e Sueste pelos canhões da altaneira Fortaleza de Sagres colocados no topo daquela parede vertical de cerca de 50 m e abrigada das violentas nortadas pelos impressionantes cerca de 70 m de altura do Cabo de S. Vicente aqui se esconde a majestosa Praia do Tonel.

O acesso à Praia não podia ser mais fácil, na primeira rotunda ao chegar a Sagres é seguir em frente para a Fortaleza de Sagres, cerca de 50 m depois encontramos do nosso lado direito a indicação da Praia. O acesso faz-se por uma rampa em terra batida.

Com a maré na preia-mar (o caso da foto) um imponente leixão destaca-se qual caravela aí ancorada, são ainda visíveis bastantes pedras perto dele, dizem os antigos que era outro leixão que estava mais perto e terá sido estilhaçado por um raio há cerca de 40 anos.

À pesca, da esquerda para a direita, até quase debaixo da Fortaleza de Sagres temos o laredo de Nossa Sra. da Graça (este nome deriva da capela com o mesmo nome que está no interior da Fortaleza), este laredo é riquíssimo em marisco, principalmente em perceves, camarão e mexilhão. Aqui a pesca mais praticada é a da bóia dirigida aos grandes sargos de arribação e aos robalos e avárias/bailas, volta e meia também aqui se ferram umas douradas. Atenção, que ao fundo do laredo as pedras são muito grandes e por isso é difícil a passagem de uma para a outra pedra, uma companhia é SEMPRE recomendável.

Embora também já lá andem muitos corricadores, no areal o Sufcasting é rei, os alvos voltam a ser os grandes sargos e os robalos que volta e meia premeiam a persistência do pescador, principalmente na pesca nocturna pois durante o dia a praia é dos surfistas.

Do lado direito da praia há uma segunda enseada muito pequenita e depois recomeçam os laredos que vão culminar na majestosa “Pedra da Silheta” uma pedra negra que é um dos pesqueiros mais afamados da zona e ponto de passagem e visita das grandes Douradas. Aqui volta a reinar a pesca à bóia e a pesca ao fundo.

É aqui, rodeados de águas límpidas e frias com as rochas a fervilhar de vida que podemos desfrutar do maior prazer do mundo, pescar!

05 maio 2006

Em busca da perfeição

(Clique na foto para ampliar)

Mostrei a foto acima ao meu amigo António Simões, delegado da EFSA Portugal e levei com força nas orelhas.

Só de olhar para a foto disse que eu estava a fazer quase tudo errado, de facto nesse dia nem um toque que tive...

Aquela bóia (ballrag) era pequena e cara, devia antes usar bóia de água e maior aliás, devia era usar chumbada, porque a maré estava vazia, a bóia de água era para usar só com a maré mais "grossa", ainda por cima estava a lançar mal pois o carreto quando lançamos deve estar sempre virado para cima.

Sou mesmo um corricador muito "verde", mas lá chegaremos, obrigado amigo pelas dicas que são autenticas pérolas.

O facto é que na vez seguinte, antes de passar uma hora já havia um bichano fora de água...

Obrigado filhota por mais esta belissima foto.

28 março 2006

Um corrico tardio

(Clique na foto para ampliar)

Domingo passado fomos fazer o baptismo no corrico, a caninha Cabo Raso é um espanto, a facilidade com que ultrapassa a rebentação é demais.

Os nossos amigos bocarrudos não andavam lá, também só lá estivemos 1 hora e meia.

Vamos lá voltar muitas vezes.

Agradeçam à filhota Mariana pela belissima foto que é um hino à pesca.

14 março 2006

Fortaleza de Sagres

(Clique na foto para ampliar)

Domingo passado fomos visitar um dos antigos pesqueiros. Desde que fecharam a Fortaleza de Sagres e entregaram a exploração da mesma ao IPPAR contam-se pelos dedos de uma só mão as visitas efectuadas.

Fícámos agradavelmente surpreendidos pelo facto de o preço do bilhete ter baixado, agora é só 1,50 € para pescadores.

De qualquer modo a vista é fabulosa pelo que o dinheiro acaba sempre por ser bem empregue.

Ahh... deu uns peixitos, sargos, robalos, bailas e até douradas à bóia, continua a ser um pesqueiro fantástico.

23 fevereiro 2006

O mar gosta dos audazes

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Para quem gosta de apreciar a força bruta da natureza.

Somos de facto pequeninos mas desafiamo-la constantemente, aquela parede rochosa em frente tem cerca de 25/30 m de altura, dito assim não parece nada de especial, mas se olhar-mos para um prédio de 9 andares…

Pesqueiro “A argola” em Sagres, foi dali que saiu o “tal” de 9,5 Kgs num dia muito parecido com o da foto, foi também ali que ferrei um “monstro” a pescar com estralho de aço e mono 0,45 mm que se limitou a ir andando e nunca o cheguei a ver…

Apesar de ser um pesqueiro relativamente abrigado e até seguro, há um poço (Algar) naquela plataforma térrea e a rocha está partida na base pelo que quando o mar bate com força, aquilo treme causando “aquela” sensação de insegurança.

Muito respeito para com o mar, façam por ser premiados, nunca prémios!...

09 janeiro 2006

Puro prazer...

(Clique na foto para ampliar)

Há imagens que não precisam de qualquer explicação, reportam-se ao acto de pescar no seu todo...

Repararam que o cesto/rabeca já havia sido utilizado? a corda está desenrolada...

E aquela cana Banax de 6 m toda vergada com um Shimano Technium 5000 a rebocar um sargo de 1 Kg a cerca de 30 m de altura, gostam?...

Não é este o espelho do puro prazer com que deve culminar uma jornada de pesca?...

O meu Tio (é o tipo da foto) também gostou e vamos repetir mais vezes!

29 novembro 2005

Este leva que contar...

(Clique na foto para ampliar)

Pois é..., estava eu numa das minhas pescarias habituais quando ferro um robalote e toca de trabalhar o bicho que aquilo até não é tão fácil como alguns julgam.

Depois de trabalhado algum tempo lá vem o peixe para cima de água, deve ter uns 3 kgs, penso eu, toca de preparar o cesto/rabeca que isto de um gajo sozinho por o zingarelho a trabalhar a 65 metros de altura não é fácil.

Nessa altura reparei no turista da foto que filmava a cena todo entusiasmado, bem..., lá continuei com a faina e por fim a rabeca lá chegou abaixo, mas o raio do peixe não entrava nem por nada, puxo mais um pouco, folgo depois de passar aquela onda e pimba, já lá está dentro, toca a puxar a corda do cesto. Puxa que puxa e finalmente cá em cima, o “camone” apreciava extasiado.

Pega lá tu agora no cesto que eu também quero uma foto, disse-lhe eu, não sei se entendeu o que eu disse, mas os gestos percebeu.

Aí está ele a segurar na rabeca, com o peixe lá enfiado, com os opérculos fechados e a cauda aberta em leque firme pois acabou de ser capturado, é ainda visível o angulo formidável do mar e ao fundo o Farol do Cabo de S. Vicente.

Este leva que contar quando voltar para casa... que irá dizer dos pescadores portugueses?...

12 novembro 2005

A Pesca à Chumbadinha

A pesca à chumbadinha é uma pesca extremamente gratificante e porventura uma das que permite bons resultados em zonas de fundos rochosos e mistos.

A montagem para a chumbadinha é extremamente simples, pois apenas consiste num estralho com cerca de 4 m e a dita chumbadinha de correr até ao anzol. As chumbadinhas são todas furadas e o seu peso é condicionado pelo estado do mar, deve ser o mais ligeiro possível, normalmente entre as 5 e as 15/20 gramas, estas últimas só para mares já bem revoltos.

Também se pode pescar directo se o carreto estiver com um fio de 0,20 a 0,25 mm, se o fio do carreto for mais grosso opta-se pelo tal estralho, a não ser que estejamos a pescar aos robalos, aí a conversa já é outra, podendo pescar-se mais grosso.

Para esta pesca e para que possamos colocar a chumbadinha longe, as canas a utilizar devem ser bastante sensíveis, acção máxima de 80-100 grs, e com cerca de 4 a 5 metros, os carretos de bóia são excelentes para esta pesca.

Não tenham receio de pescar com a chumbadinha encostada à iscada pois dado que o volume da iscada oferece mais resistência à movimentação da água leva a que esta afaste a iscada da chumbadinha.

Aliás, logo no lançamento, quando o isco e chumbo tocam na água, estes separam-se de imediato, pois o chumbo desce mais depressa que o isco, por este ser mais volumoso e menos hidrodinâmico desce mais devagar.

A acção da aguagem ou corrente faz o resto. Não tenham pois receio que o chumbo fique perto do isco e afugente o peixe, pois tal não acontece.

Pesca-se sempre com a cana na mão e o fio ligeiramente folgado a sentir o mar. Se este puxar deixa-se ir a linha mantendo-a ligeiramente esticada e quando o mar a traz acompanha-se com a cana enrolando um pouco.

Em dias sem vento é impressionante o grau de sensibilidade que temos com esta pesca. Quase que é possível sentir a iscada a rodar.

Preparem-se pois para sentir bastantes toques, notem que só deve ferrar-se quando o peixe arranca mesmo. Por vezes também é habitual o peixe embuchar e ficar sossegadinho sem estrebuchar, por isso de vez em quando devemos recolher 1 ou 2 metros, voltando a folgar quando fizer alguma aguagem.

Experimentem este tipo de pesca, vão gostar!

08 outubro 2005

Os "maridos" das canas

Como o prometido é devido, aqui vai a história dos "maridos".

De cima para baixo, para marido a Excalibur Rock Special, a tal para pesca em falésias que ultrapassam os 50 m de altura, escolheu um velhote já com quase 20 anos de bons e leais serviços prestados, um Daiwa BG 60, que apenas necessitou de 2 molas para a asa de cesto neste lapso de tempo, é um caso sério de longevidade e "força bruta" e continua como novo apesar das centenas de kilos (talvez até toneladas) de peixe que já rebocou.

Como em equipa que ganha não se mexe, após aquisição da Grauvell Áries à cerca de 2 anos, decidi completá-la com um irmão mais pequeno da família BG, um Daiwa BG 30.

Casamento perfeito, que conjunto espectacular pela polivalência e fiabilidade, ainda por cima, devido à leveza do conjunto, está a ser responsável pela reforma prematura do casal mais velho que agora apenas sai à rua em condições de dureza extrema.

Por fim a Hiro Power X F1, para este brinquedo usado para as pescas mais ligeiras e perto da água, estive sériamente tentado a completar a família BG com um Daiwa BG 15, no entanto por sugestão de amigos e porque a família BG já é "velhota" acabei por adquirir um Shimano Exage 4000 FA por enquanto, tem cumprido sem reparos.

Vamos aguardar para ver se a nível de fiabilidade está à altura dos restantes pois eu continuo a achar que "velhos são os trapos"...

08 setembro 2005

As minhas canas...


Hoje vou falar um pouco das minhas canas pois, se há material pelo qual o pescador desportista nutre especial paixão é por elas.

Efectivamente, elas são as grandes responsáveis pelo prazer que retiramos do acto de pescar, é vulgar a frase "xiii... olha aquela cana toda vergada...", são de facto a extensão do nosso braço, responsáveis por muitas das nossas alegrias e maltratadas aquando das nossas desilusões.

As minhas canas são todas vocacionadas principalmente para a pesca à bóia podendo, no entanto, também efectuar a pesca ao fundo ligeira, tento e chumbadinha.

Vou começar pela mais forte, a Excalibur Rock Special, de 5,40 m e acção de 80 - 150 grs. É uma cana fortíssima de bóia, especialmente vocacionada para a pesca em falésias de grande altura, não é demasiado pesada (cerca de 600 grs), extremamente fácil de transportar (1,15 m fechada) o que ajuda imenso nalguns pesqueiros com descidas mais "manhosas". Uso-a essencialmente para as pescas mais "brutas" em dias de mar tempestuoso e pescas a grande altura.

A seguinte é uma Grauvell Áries de 5,50 m e acção de 50 - 125 grs. Esta cana foi um pouco adaptada em relação ao modelo original, foi amputada nas extremidades, cerca de 5 cm no cabo e cerca de 15 cm na ponteira, esta última também foi reforçada internamente com uma outra ponteira. Ficou com 5,30 m e é a grande responsável pelo abandono a que tem sido votada a anterior. Considero esta cana uma pequena maravilha, pois é extremamente leve (menos de 400 grs), mata o peixe muito bem e não tem qualquer problema em suspender em falésia alta peixes até cerca de 1,5 Kg.

Segue-se uma Hiro Power X F1 de 5m e acção de 20 - 100 grs. Esta foi oferta de um amigo e ainda não tive oportunidade de a experimentar mas, já deu para perceber, que deve ser excelente para a pesca com bóias mais "maricas" em laredos perto da água e para a pesca à chumbadinha.

Por fim a Barros Nortada Bóia de 5 m e acção de 10 - 80 grs. Tem sido um verdadeiro "carro de combate" especialmente na pesca à chumbadinha e com bóias pequenas em pesqueiros perto da água. Vale cada Euro que custou.

Nota Final - Não tenho qualquer patrocínio, pelo que as apreciações que faço apenas reflectem a minha opinião pessoal pelo material que utilizo.

Num próximo "post" falarei também um pouco sobre os maridos delas... os carretos!

14 agosto 2005

O Cesto ou Rabeca


Auxiliar precioso para quem pesca em falésias ou locais elevados onde não é possível o uso do vulgar xalavar/camaroeiro.

O Cesto ou Rabeca foi inventado pelos pescadores Algarvios que na pesca em falésia tiveram que “arranjar” um instrumento que lhes permitisse a recolha dos exemplares de maior porte pois, ou pescavam “grosso” e limitavam o tamanho das capturas (já que o peixe não é cego) ou usavam linhas mais finas e debatiam-se com as dificuldades de içar com esses fios exemplares de grande porte…

Nada é mais frustante que conseguirmos enganar o "tal" peixe e depois não termos capacidade para efectivar a sua captura.

O cesto ou rabeca consiste numa armação em arame zincado ou de inox de forma cónica revestida de rede. Tem uma boca grande a que está acoplada uma asa móvel atada por um rolo de corda, no outro extremo tem uma outra abertura mais pequena e ainda uma abertura longitudinal que permite colocar lá dentro a linha ou a cana, fechando-se de seguida com o auxílio de pequenos ganchos/colchetes embutidos nesta última abertura.

Quando o peixe começa a dar sinais de cansaço, é altura de dar corda ao cesto/rabeca permitindo-lhe que desça pela linha abaixo, a chumbada ou a bóia passa pelo buraco pequeno da rabeca e o peixe fica com a cabeça lá encostada, é então que se puxa pela corda obrigando o cesto a dar a volta ficando o peixe lá dentro. Procede-se de seguida como se estivéssemos a puxar um balde, que neste caso é o cesto com o peixe já lá dentro.

O domínio da técnica para uso do cesto/rabeca não é fácil, para a perceberem recomendo a aquisição e visualização do DVD “Pesca à Bóia” com Luís Batalha, produzido pelo www.pescaemportugal.com

Aconselho a que façam as primeiras tentativas com a ajuda de um amigo, depois de dominarem a técnica, não vão querer outra coisa.

É incrível o “poder” que se obtém quando se domina eficazmente esta técnica… pode aparecer o “tal” monstro de 10 kg que nós nem estremecemos, o cesto está ali ao nosso lado e não nos vai deixar ficar mal.

A título meramente indicativo, posso-vos dizer que já tive o prazer de recolher com aquele artefacto um robalo com 9,5 Kg capturado pelo meu antigo mestre, sempre que o cesto/rabeca desce... é o clímax da jornada! Uma sensação indescritível…

30 julho 2005

Pesca à Bóia na Costa Vicentina


Enquanto a época não recomeça vou deixando por aqui uns post's...

A Costa Vicentina é talvez ainda um dos últimos paraísos para a pesca em Portugal. Só de se ouvir este nome associamo-lo imediatamente aos fabulosos pesqueiros de Sagres e da Carrapateira, trazendo-nos à memória as histórias de grandes pescarias de sargos e robalos de grande porte. Infelizmente também nos lembramos logo das histórias de acidentes sofridos por pescadores, quase sempre, fatais.

De facto, ambas as lembranças são reais, é um local onde ainda se fazem grandes pescarias (embora cada vez menos) e também é verdade que todos os anos aquelas falésias roubam a vida a cerca de uma dezena de pescadores lúdicos.

No entanto, esse facto parece não incomodar a maioria dos que aqui se dedicam à pesca, vindos de outras zonas do Algarve e até, de outras áreas do País. Espalhados pelas falésias, inúmeros pescadores prosseguem a sua actividade indiferentes aos riscos que aí espreitam.

A altura das falésias, a profundidade do mar e a força do vento fazem com que nos sintamos bem pequeninos, face à força dos elementos. É aqui, que a terra acaba e o mar começa.

O material

Como já perceberam pelo que acima foi dito o local não é para brincadeiras por isso, toca a arranjar material a condizer, pois não vamos pescar em molhes ou pontões a 2 metros da água.

A cana – Telescópica, com pelo menos 5 m de comprimento e acção superior a 100 grs.;

O carreto – Forte, que levante sem problema um peixe de 1,2 kg a 50 m de altura, deve ter capacidade na bobine para, pelo menos, 250 m de monofilamento de 0,40 mm. Grande parte dos carretos que por aqui se vêm são feitos artesanalmente tentando imitar o mítico carreto Rocha (O carreto Rocha era fabricado por um operário da Lisnave, pesava quase 1 kg mas levantava peixes de 3 kg sem problemas e..., nunca avariava).

As bóias – De correr – A mais habitual é o clássico pião em tamanho XXL, que suporte chumbada furada de 50 a 80 grs., claro que em pesqueiros mais baixos, menos de 30 m, reduz-se o tamanho do pião de forma a que fique calibrado com chumbada furada de 20 a 40 grs., por cima da bóia leva uma pequena missanga que não lhe permite ultrapassar o nó de travamento.

Fixa – Bóias torneadas ou talhadas em madeira de diversos tamanhos, estas não necessitam de ser calibradas, trabalham deitadas. Também se pode utilizar o clássico pião, neste caso, este é apenas calibrado na madre com a chumbada e fixo sem folga com o nó de travamento/batente a impedir que a bóia corra.

A montagem – Por aqui ninguém pesca directo, utiliza-se sempre estralho para a montagem ficando a bóia e chumbada (se usarmos a bóia de pião) fixas na madre. A madre normalmente é em monofilamento 0,40 ou 0,45 mm, sendo o estralho, no mínimo do comprimento da cana, normalmente em monofilamento 0,25 ou 0,22 mm de boa qualidade. Não se usam chumbos fendidos no estralho, apenas uma chumbadinha de correr tipo olivette de 3 a 5 ou mesmo 8 grs para ajudar a afundar a iscada rapidamente.

No caso de bóias de correr o estralho tem os já citados 5 m, no entanto, consoante a profundidade dos pesqueiros, chega-se a pescar a profundidades de 15/20 m, vejam onde é que está o nó de travamento/batente…

No caso das bóias fixas, as que eu prefiro, o tamanho do estralho varia entre os 5 e os 10 m. Estas bóias têm um trabalhar muito mais natural e muito maior sensibilidade ao “toque” pois vê-se o afundar/empinar muito mais facilmente, mesmo com vento. Uma bóia de correr com um pouco de vento forma um “seio” de seda na madre e ao tentarmos esticá-la, para ter pouca folga, “obrigamos” a que a bóia se afaste do nó de travamento/batente o que a torna muito menos sensível aos “toques”.

Um dos espectáculos mais bonitos que se pode apreciar consiste em assistir à retirada de um bom exemplar, com mais de 1 kg, com bóia fixa e estralho de 8/10 m. A cana toda vergada e o peixe pendurado a kms da borda da falésia, inicia-se então a “dança” para a retirada do peixe que consiste em balanceá-lo para a esquerda, depois para a direita até que este movimento pendular permita a “chicotada” final que obriga o peixe a ultrapassar a falésia. Como depreenderão trata-se de uma técnica cujo domínio não é fácil e que nos custa alguns peixes até que a dominemos por completo.

Os iscos – Os iscos de eleição para a pesca à bóia reduzem-se apenas a 3, mas estes são quase obrigatórios: A sardinha para engodar e iscar com o filete do rabo ou o lombo, a gamba/camarão da costa fresca ou congelada e o célebre ralo, este último é realmente o tira-teimas com águas mais claras.

Os apetrechos – Porque a zona não é para brincadeiras, convém que nos equipemos a condizer, roupa confortável e folgada de forma a permitir liberdade de movimentos, calçado (muito importante) que “agarre” facilmente a rocha, nada de sapatilhas, botas de campino com sola macia, daquelas do mercado.

Para que tenhamos ampla liberdade de movimentos, já que muitas descidas são “manhosas” usa-se o kit “mãos livres”. O ceirão da Vicentina que se coloca às costas tipo mochila e que leva todo o material de que necessitamos, a mochila com o material de pesca, o isco, o pisador/migador de engodo, a cana já com o carreto montado (para não deslizar para um ou outro lado) e o balde com o engodo. Na parte posterior do ceirão coloca-se o cesto/rabeca que se prende com um mosquetão ou corda.

Os pesqueiros – Aqui é que a porca torce o rabo como se diria em gíria popular, vamos ter que distinguir 3 tipos de pescadores:

1. Os que vão à pesca passar um bocado bem passado em contacto com a natureza mas que não descuram o seu conforto e procuram pesqueiros acessíveis e abrigados;

2. Os que querem apanhar peixe não se importando com as condições climatéricas adversas nem com o seu conforto pessoal, apenas procurando arranjar um pesqueiro que dê peixe, mas nunca ultrapassando os limites do razoável pois não há peixe que valha uma vida.

3. Temos ainda o 3.º tipo de pescadores, os “loucos” das falésias, que munidos de cordas e carregados com todo o equipamento desafiam as falésias e pescam em locais onde mal cabe um balde e onde o mínimo descuido pode ser desastroso.

Enfim, o texto já vai longo e aqui o pescador, tipo 2, já tem saudades do Outono, que é quando a época recomeça...

Espero ter contribuído para que percebam um pouco melhor o que é a pesca por estas agrestes paragens.

Posted by ajs_ferreira_1961 at julho 30, 2005 07:14 PM


Comments

Boas Ferreira! entao e o da foto? é tipo 2 ou 3? o tipo descuida-se vai logo de carola e ainda falam da malta daqui de Sintra que abusa da sorte.....
O tal abraço.
ps é pa tenho que um dia ir ai exprimentar o teu quintal!!

Posted by: Filipe at julho 30, 2005 09:37 PM

Viva Amigo Ferreira,

Ao ler o seu texto até senti o cheiro desse paraiso que é a costa vicentina.
Amanhã lá estarei pra uma férias com maior do tempo dedicado à pesca pelas zonas de Monte Clérigo. Se quiser combinar uma pescaria deixo aqui o meu contacto ( 936048491 ).
Um abraço

Posted by: Fernando at julho 30, 2005 10:24 PM

Viva,

Felipão, aquele era pescador tipo 3, mas não lhe servíu de nada para além de disfrutar de uma vista priviligeada para ver os 3 "cabeçudos" que pus em cima de água... eh eh eh (infelizmente só consegui retirar o mais pequeno de 2,2 Kg).

Uma boa altura para visitares o "quintal" é por alturas do Carnaval ou da Páscoa, pensa nisso...

Abraço,

Posted by: A.Ferreira at julho 31, 2005 09:11 PM

Caro Fernando,

Também vou entrar de férias pelo que a família exige o seu quinhão e, isto em Agosto é "fogo", mas nunca se sabe... se for para a zona apito.

Abraço,

Posted by: A. Ferreira at julho 31, 2005 09:20 PM